quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Foto e poesia


Despedida

Eu deixarei o mundo com fúria.
Não importa o que aparentemente aconteça,
se docemente me retiro.

De fato
nesse momento
estarão de mim se arrebentando
raízes tão fundas
quanto estes céus brasileiros.

Num alarido de gente e ventania
olhos que amei
rostos amigos tardes e verões vividos
estarão gritando a meus ouvidos
para que eu fique
para que eu fique.

Não chorarei.
Não há soluço maior que despedir-se da vida.

Ferreira Gullar
(1930)




quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Leituras de setembro

Coraline
Que livro adorável, cheio de mistérios e surpresas.
Coraline é uma garotinha que vive com os pais em um enorme casarão, que também é habitado por velhinhos que nunca pronunciam seu nome de forma correta, duas ex atrizes rechonchudas que vivem com seus cachorrinhos e um senhor que afirma treinar ratos para um espetáculo.
Em um dia chuvoso Coraline explorando a casa descobre uma porta e quando consegue abrir percebe que é fechada por tijolos, mas a porta é uma passagem secreta para outro mundo, em que existem outros pais com botões no lugar dos olhos, outros vizinhos que não erram seu nome e um gato preto arrogante que fala, neste novo mundo Coraline percebe algo estranho além dos olhinhos de botões, mesmo que a refeição servida em sua nova casa seja saborosa, mesmo as roupas legais no armário, sua nova mãe é diferente com dedos longos e finos e com dentes pontudos, que olha para Coraline com cara de quem tem fome...  
A história tem um clima bem macabro com personagens estranhos e com um clima sombrio. 


                                                                                  Marina                                                                                             " Por quatro semanas, professores e psicólogos escolares me martelaram para que eu revelasse
 meu segredo. Menti, oferecendo a cada um exatamente o que queria ouvir ou podia
 aceitar. Com o tempo, todos fizeram um esforço para fingir que tinham esquecido o
episódio. E eu segui o exemplo. Nunca contei a ninguém a verdade sobre o que tinha
acontecido.
Na época, não sabia que, cedo ou tarde, o oceano do tempo nos devolve as lembranças
que enterramos nele. Quinze anos depois, a memória daquele dia voltou para mim. Vi
aquele menino vagando entre as brumas da estação de Francia e o nome de Marina se
acendeu de novo como uma ferida aberta.
Todos temos um segredo trancado a sete chaves no sótão da alma.
Este é o meu."

Gostei muito deste livro, toda a história se passa em Barcelona, lugar que o estudante de internato Oscar Drai com 15 anos passa boa parte do seu tempo andando pela cidade, em um desses passeios conhece uma linda jovem chamada Marina de forma inusitada, logo ele é apresentado ao seu pai o elegante e gentil Germán, os dois vivem em um casarão antigo e sem iluminação juntamente com Kafka, um gato preto e mimado.
A história vai se revelando aterrorizante com várias tramas paralelas, é como se existissem vários livros em um. Os dois jovens se envolvem em uma série de investigações que coloca suas vidas em risco, momentos passados com criaturas rastejantes e aparentemente sobrenaturais. As visitas de uma mulher vestida com um manto negro à uma sepultura sem nome, sempre à mesma data e hora desperta a curiosidade dos dois, que ao seguir a dama acabam conhecendo uma estufa com manequins vivos e cheiro de carne em putrefação, dando início a uma série de eventos com muita aventura e também situações de medo.  
Por outro lado Oscar passa a conviver com Marina e o seu pai no casarão sem eletricidade e inicia uma bonita amizade por Germán e um amor inocente por Marina.
O fim é triste mas muito delicado.
É um romance gótico e bem elegante.
Vale a leitura. 


Razão e sensibilidade
O outro livro que li pela terceira vez foi Razão e sensibilidade de Jane Austen mas como vou resenhar suas principais obras à começar por ele não falarei sobre o mesmo nesta postagem.

  

   

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Eu não preciso de amigos!

Li esse texto no blog Reino de Morango e me identifiquei tanto com ele que decidi postar no meu, essa condição de me encontrar sempre sozinha é algo tão familiar que não estranho, não é algo depressivo, tenho poucos e bons amigos, minhas filhas que estão sempre ao meu lado, parentes, mas estar "sozinha" é algo tão normal que não acho ruim, pelo contrário nesses raros momentos eu sou eu mesma, não que eu assuma outra personalidade quando estou acompanhada mas todos adotamos outra postura em frente a outras pessoas, bom então vamos ao texto.

Enquanto a primavera passa, o problema que sempre surge é: "Eu não tenho nenhum amigo. O que devo fazer?". Em abril as turmas mudam e o ambiente fica diferente, então com aquele olhar distraído no seu rosto, antes que se dê conta, as pessoas que você não conheceu formaram seus próprios grupos. Sem nem se dar conta, você acabou sozinho. Quando o Verão se aproxima, você está quase livre desse problema porque você esteve junto dos seus amigos nas animadas férias de verão, mas mesmo nessa estação há aqueles que não conseguem fazer amigos. 

Essas pessoas podem apenas desistir. Continue vivendo sozinho, com força. Jovens moças não precisam de amigos. Jovens moças são seres sublimes e isolados. O comportamento típico dos heróis dos meninos é formar um grupo... Tom Sawyer e Huckleberry, Getter Robo era composto de três pessoas, e mesmo o romance "Two Years Holliday" de Julio Verne tinha que ter quinze rapazes nele, nenhum dos quis independente. Mas meninas são diferentes. Alice teve sua aventura maravilhosa sozinha. Quando Anju e Zushiou foram raptadas por Sansho Dayu, Anju permaneceu lá sozinha e permitiu que seu irmãozinho escapasse. Tem também Meg-chan: "Dizem que ela é uma pessoa que pode fazer qualquer coisa, a pequena bruxa Meg é solitária", é como a música segue. 

Jovens moças têm uma existência absoluta. "Absoluto", nesse caso, quer dizer que elas não podem ser comparadas a nada mais; já que há a exclusividade, não precisam de amigos. Do mesmo jeito que Ken-san de um filme de yakuza, jovens moças estão esplendidamente sós. "Mas se eu apenas abrisse meu coração, poderia fazer amigos", dizem, mas você não pode abrir seu coração para estranhos sem que ele seja desperdiçado. Uma moça jovem é como uma brilhante jóia e seria pouco recomendado permitir que as pessoas vissem isso. Mesmo o trabalho em vidro mais frágil se tocado, possui um escudo forte protegendo-o. Por trás dessa disposição fria e segura, talvez de algum lugar distante alguém vá observar e se perguntar: que bela e tristonha garotinha. Mas esse tipo de bajulação é desnecessário. Você também deve se sentir bem se disserem: "Que criança arrogante" ou "Que criança melancólica". Se quiser fazer amigos porque não agüenta comer seu lanche só, tenha consciência do quão estúpido isso soa. Como a bela aristocrata "Butterfly Wife" Ruyzaki Reiko, de "Ace wo Nerae!", solidão é sempre o aliado de uma rainha. Quanto a mim, meus únicos amigos são minha TV e meu vaso de planta.






Créditos:
Original: Soleilnuit, por Novala Takemoto
Tradução do japonês para o inglês: Curi
Tradução do inglês para o português: Sra. Fujiwara
Extraído do blog: http://reinodemorango.blogspot.com.br/2011/03/eu-nao-preciso-de-amigos.html