sexta-feira, 18 de abril de 2014

Via-Láctea - segundo soneto


Via-Láctea
Olavo Bilac

Soneto dois

Tudo ouvirás, pois que, bondosa e pura
Me ouves agora com o melhor ouvido:
Toda a ansiedade, todo o mal sofrido
Em silêncio, na antiga desventura

Hoje, quero, em teus braços acolhido,
Rever a estrada pavorosa e escura
Onde, ladeando o abismo da loucura,
Andei de pesadelos perseguido

Olhe-a: torce-se toda na infinita   
Volta dos sete círculos do inferno...
E nota aquele vulto: as mãos eleva,

Tropeça, cai, soluça, arqueja, grita,
Buscando um coração que foge, e eterno 
Ouvindo-o perto palpitar na treva 







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