sábado, 11 de outubro de 2014

Escrevo

Escrevo para passar o tempo
Com a esperança de aliviar a mente
As palavras escorrem dos meus dedos, derramando fragmentos de uma personalidade crescente
Estranho e visceral é meu entender
Desse mundo ou desta vida, mais além
É como se ao virar a próxima rua me deparasse com uma outra forma de mim mesma
Me perguntando se realmente esse é meu tempo
Meu relógio ou meu século
Escrevo para espantar a tristeza as vezes tão pungente, determina minha próxima atitude
Diante da vida, ou mais além no futuro que vivo a cada novo respirar
Um novo folego equivale a mais ou menos dia vivido?
Não me peçam respostas ou coerência em minha escrita
Sou fruto de Adão e Eva, vindos do pecado original, abençoado por Deus, mas preferia ser fruto do barro
Moldado pela chuva fria que cai ao final do dia
Um barro pisoteado por várias vidas vividas, sofridas, frívolas, vazias.
Escrevo o que está sacramentado no meu íntimo, mas escondo minha verdadeira face, que as vezes
Desconfio não saber exatamente quem sou, ou o que sinto
Mas sei que escrevendo vou perturbando pensamentos, espalhando minha essência
As vezes tão sutil outras vezes muito vazia
Escrevo para esquecer a dor das várias vidas que deixei de viver
Seja pela prudência ou mesmo covardia
Para espiar os meus pecados, essa agonia que me foi imposta
Através de séculos de escravidão de espírito
Em que a alma se sujeita as mais variadas punições, cristãs, morais e vis
Escrevo por ser a única coisa que eu me permita fazer direito
Sem reservas ou indolências
Escrevo para de certa forma provar que os genes artísticos vindos de minha avó
De alguma forma perpetuaram em mim
Escrevo sem métricas ou rimas
De forma crua, nua e permissiva
Para reconhecer a estranha que me olha no espelho
Que sarcasticamente sorri e me diz em minha mente
No fluxo rápido de pensamentos
Eu estou em você, mas você não se encontra em mim.


Um comentário:

  1. Creio que temos algo em comum, passamos o tempo sentindo palavras e querendo criar textos poéticos que expliquem definitivamente as palavras que sentimos, como se fossem um exercício para comungar a vida e sua relação com o além de nós.
    Penso que isso as vezes é um jogo, que nos mantém bem.
    Saudações!

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