sexta-feira, 12 de junho de 2015

Soneto de fidelidade




Ah, o amor! Tem coisa mais gostosa do que as pequenas coisas, os gestos carinhosos repletos de cuidado e ternura...
Aquele segredo que só os dois conhecem, um apelido, um olhar.
São esses pequenos desatinos que fazem do amor uma razão para acreditar. Em coisas boas, acreditar no ser humano e  no amanhã. Vinícius nos traz um soneto que se tornou uma espécie de cântico, um brinde ao amor


Soneto de fidelidade
De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.


Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pensar ou seu contentamento.


E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama


Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.


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